“Notável criatura são os olhos ! Admiráveis instrumentos da natureza, prodigioso artifício da providência ! Eles são a primeira origem da culpa; Eles a primeira fonte da Graça.” Padre António Vieira
domingo, 17 de novembro de 2013
Mulheres Celtas Guerreiras
“Ela era uma mulher de fibra, guerreira
mas tinha mania de sentir o som
ouvir os tons
desnudar o corpo
e cantar em silêncio”
(Renata Fagundes)
O Corvo - The Raven
Numa meia-noite agreste, quando eu lia,
lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências
ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a
meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo
a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio
dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras
desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite
aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje
entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes
celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada
reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores
nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia
repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em
meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus
umbrais.
É só isso e nada mais».
E, mais forte num instante, já nem tardo
ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto
me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes
batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus
umbrais,
Que mal ouvi...»
E abri largos, franquendo-os, meus
umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido
receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os
ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda
e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio
de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse
aos meus ais.
Isto só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma
em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo
mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é
na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são
estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando
estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»
Abri então a vidraça, e eis que, com
muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons
tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou
nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre
meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre
meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir
minha amargura
Com o solene decoro de seus ares
rituais.
«Tens o aspecto tosquiado»,
disse eu,
«mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas
infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas
infernais.»
Disse-me o corvo,
«Nunca mais».
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar
tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras
tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá
havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus
umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por
sobre seus umbrais,
Com o nome
«Nunca mais».
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais
dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe
ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em
meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos
— mortais Todos — todos lá se foram.
Amanhã também te vais».
Disse o corvo,
«Nunca mais».
A alma súbito movida por frase tão bem
cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes
usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a
desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se
quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto
cheio de ais
Era este
«Nunca mais».
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a
minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e
meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita
maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus
tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus
tempos ancestrais,
Com aquele
«Nunca mais».
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba
dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos
fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça
reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras
desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as
sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-me então o ar mais denso, como cheio
dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos
soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus,
por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te.
Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz
esses teus ais!»
Disse o corvo,
«Nunca mais».
«Profeta», disse eu, «profeta — ou
demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e
mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden
de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes
celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes
celestiais!»
Disse o corvo,
«Nunca mais».
«Que esse grito nos aparte, ave ou
diabo!, eu disse.
«Parte! Torna à noite e à tempestade!
Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que
disseste!
Minha solidão me reste!
Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo,
«Nunca mais».
E o corvo, na noite infinda, está ainda,
está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre
os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um
demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no
chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão
há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
The
Raven ("O Corvo") é um poema do escritor e poeta norte-americano
Edgar Allan Poe. Ele foi publicado pela primeira vez em 29 de Janeiro de 1845.
Este
poema teve várias traduções, sendo as duas primeiras para o francês, feitas
por, respectivamente, Charles Baudelaire e Mallarmé. O poema também teve
traduções para o português, sendo as mais conhecidas a de Machado de Assis e
Fernando Pessoa.
Morríghan
Morrighan, também conhecida como Morrigu, é a deusa celta da morte e da destruição. Sempre representada com sua armadura e armas. Está sempre presente nas guerras e é invocada com os chifres de guerra ou o gralhar dos corvos. Sua função na guerra é difundir a força e a ira entre os soldados. Seu nome significa "Grande Rainha" ou "Rainha do Espectro". Esta deusa também representa a renovação, a morte que dá lugar a uma nova vida, o amor, e o desejo sexual. A vida e a morte estão muito ligadas no universo celta. Morrighan é virgem, mãe e viúva. Pertence ao grupo dos Tuatha De Danann, os seres mágicos que viveram na Irlanda antes dos irlandeses atuais. Nas guerras, ela se transforma em corvo. É uma deusa completa que forma uma tríade sombria com Badbh e Macha, as três a mesma deusa, com características diferentes em cada manifestação. Também está relacionada à deusa Dana, "a Grande Mãe". O crânio dos mortos em batalha eram conhecidos como "bolas de Morrighan". Foi amante de reis e seduziu grandes soldados. Motivava os soldados celtas nos campos de batalha, que ao ouvirem-na sobrevoando, sabiam que o momento de transcender havia chegado e davam suas últimas forças, portanto Morrighan conferia força aos guerreiros. Dotada do poder da transformação, Morrighan também era deusa dos rios, lagos e de toda as águas doces.
Antes
das batalhas era possível ver uma senhora à beira do rio – a senhora seria uma
das fases -, catarolando e lavando roupas manchadas de sangue. O guerreiro que
a visse sabia que sua hora havia chegado durante a batalha – está muito
parecido com a história das Banshee.
Era
reverenciada por guerreiros, que procuravam cultuá-la e oferendá-la, antes das
batalhas – medinho de guerreiro inseguro que não confia no próprio taco.
Antiga Bênção Celta
Que o caminho venha ao
teu encontro.
Que o vento sempre sopre às tuas costas
e a chuva caia suave sobre teus campos.
E até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente na palma de sua mão.
Que vivas todo o tempo que quiseres
e que sempre possas viver plenamente.
Lembra sempre de esquecer as coisas que te entristeceram,
porém nunca esqueças de lembrar aquelas que te alegraram.
Lembra sempre de esquecer os amigos que se revelaram falsos,
porém nunca esqueças de lembrar aqueles que permaneceram fiéis.
Lembra sempre de esquecer os problemas que já passaram,
porém nunca esqueças de lembrar as bênçãos de cada dia.
Que o dia mais triste de teu futuro
não seja pior que o dia mais feliz de teu passado.
Que o teto nunca caia sobre ti
e que os amigos reunidos debaixo dele nunca partam.
Que sempre tenhas palavras cálidas em um anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que o caminho sempre se abra à tua porta.
Que vivas cem anos,
Que o Senhor te guarde em sua mão,
e não aperte muito seus dedos.
Com um ano extra para arrepender-te.
Que teus vizinhos te respeitem,
os problemas te abandonem,
os anjos te protejam,
e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas Celtas te abrace.
Que as bênçãos de São Patrício te contemplem.
Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve.
Que a boa sorte te persiga, e a cada dia
e cada noite tenhas muros contra o vento,
um teto para la chuva, bebidas junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha com tudo o que desejas.
Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos de teus filhos,
que o infortúnio te seja breve
e te deixe rico de bênçãos.
Que não conheças nada além da felicidade,
deste diaem diante.
Que Deus te conceda muitos anos de vida;
com certeza Ele sabe que a terra
não tem anjos suficientes…
...e assim seja a cada ano, para sempre!
Que o vento sempre sopre às tuas costas
e a chuva caia suave sobre teus campos.
E até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente na palma de sua mão.
Que vivas todo o tempo que quiseres
e que sempre possas viver plenamente.
Lembra sempre de esquecer as coisas que te entristeceram,
porém nunca esqueças de lembrar aquelas que te alegraram.
Lembra sempre de esquecer os amigos que se revelaram falsos,
porém nunca esqueças de lembrar aqueles que permaneceram fiéis.
Lembra sempre de esquecer os problemas que já passaram,
porém nunca esqueças de lembrar as bênçãos de cada dia.
Que o dia mais triste de teu futuro
não seja pior que o dia mais feliz de teu passado.
Que o teto nunca caia sobre ti
e que os amigos reunidos debaixo dele nunca partam.
Que sempre tenhas palavras cálidas em um anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que o caminho sempre se abra à tua porta.
Que vivas cem anos,
Que o Senhor te guarde em sua mão,
e não aperte muito seus dedos.
Com um ano extra para arrepender-te.
Que teus vizinhos te respeitem,
os problemas te abandonem,
os anjos te protejam,
e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas Celtas te abrace.
Que as bênçãos de São Patrício te contemplem.
Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve.
Que a boa sorte te persiga, e a cada dia
e cada noite tenhas muros contra o vento,
um teto para la chuva, bebidas junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha com tudo o que desejas.
Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos de teus filhos,
que o infortúnio te seja breve
e te deixe rico de bênçãos.
Que não conheças nada além da felicidade,
deste dia
Que Deus
com certeza Ele sabe que a terra
não tem anjos suficientes…
...e assim seja a cada ano, para sempre!
Leve como a brisa
“Posso ser leve como
uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê
passar.” (Clarice Lispector)
domingo, 12 de maio de 2013
Mulher Celta: senhora de seu próprio corpo
A
beleza das mulheres celtas foi decantada pelos autores clássicos. Seu ar
imponente, suas vestes e adereços deveriam fazer delas uma visão sem dúvida
formidável aos olhos de gregos e romanos. Orgulhosas, elas usavam jóias em
ouro, contas e pedras preciosas, e a igualdade de direitos lhes dava ainda mais
força. A sexualidade não era algo de que os celtas se envergonhassem, pelo
contrário: nas palavras de Diodorus Siculus, "elas geralmente cedem sua virgindade a outros e isto não é visto como
uma desgraça: pelo contrário, elas se sentem ofendidas quando seus favores são
recusados". Jean Markale em seu livro La Femme Celte. Mythe et
Sociologienos explica que a sexualidade – principalmente a feminina -, era
tratada com naturalidade, pois ela é inerente a natureza humana e não podia ser
reprimida o que infelizmente, a partir do século V com a chegada do bispo
Patrício e do cristianismo passou a receber a conotação pecaminosa, conceito
imposto pelo cristianismo. Numa sociedade onde a mulher é senhora de seu
próprio corpo – ela percebe em si os ciclos da natureza, ela dá à luz homens e
mulheres e, sabe que o seu corpo é a fonte de seu prazer como a de seu
companheiro. Há um grau de liberdade muito grande entre os celtas, já que a
mulher pode dispor de seus bens, pode divorciar-se e pode ou não aceitar as
concubinas do marido, podendo ela também – dependendo de sua riqueza e posição
social manter amantes.
Na
sociedade Celta, são atribuídas à mulher três funções: ela é a Transformadora,
a Iniciadora e a Finalizadora. É pela liberdade de poder vivenciar a sua
sexualidade que ela pode: Transformar: a vida, dando à luz e dando prazer a si
e ao seu companheiro; Iniciar: nas artes divinatórias, nas práticas sexuais e
por fim ser a Finalizadora: a que faz chegar ao prazer e a que conduz ao outro
mundo. A consciência do próprio corpo – o conhecimento profundo de cada parte,
de cada ciclo, de cada ponto onde se pode obter prazer – era comum entre as
mulheres celtas que quando sentiam desejo por um homem, lhe ofereciam
prazerosamente, a "amizade de suas
coxas". Mas toda essa liberdade para amarem e viverem em plenitude a
sua sexualidade advém de uma consciência e uma responsabilidade para consigo e
para com os outros membros de sua comunidade, o que contrasta com a repressão
vivida pelas mulheres ocidentais hoje. A circularidade e visibilidade da mulher
na sociedade celta eram naturais o que provavelmente chocou os cristãos que
trataram de impor os seus conceitos: virgindade indispensável e repressão dos
desejos e instintos sexuais femininos. Toda essa vivência é definida por
Markale que resume e define a mulher celta e a sua sexualidade desta forma: "Se a mulher ocidental moderna não é
livre, Isolda, Grainné e Deirdré eram mulheres livres. A mulher celta era livre
porque agia com plena consciência de suas responsabilidades. E sendo livres
eram capazes de amar, pois o amor era um sentimento que escapava a todas as
contrariedades e a todas as leis surgidas da razão, sendo livres podiam
amar." E quando uma nobre romana, não acostumada com a liberdade e a
força do caráter das mulheres celtas questionou a integridade moral de uma
delas, ouviu a acachapante resposta: "nós
mulheres celtas atendemos as exigências da natureza com muito mais dignidade do
que vocês, romanas: pois enquanto nós copulamos abertamente com nossos melhores
homens, vocês secretamente se sujeitam aos mais vis."
(Fonte:
O Mundo da Harpa Sagrada)
O Brilho dos seus Olhos...
“Jamais permita que a dor, a tristeza, a
solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa
tirar o brilho dos seus olhos a dominem, fazendo arrefecer a força que existe
dentro de você! E, sobretudo, jamais permita que você mesma perca a dignidade
de ser mulher!”
(Filosofia Celta)
quinta-feira, 4 de abril de 2013
O AMOR É PACIENTE E BONDOSO
O
amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Não é grosseiro, nem egoísta.
Não se irrita, nem fica magoado. O amor não se alegra quando alguém faz alguma
coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. “O amor nunca
desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência” - (I CO 13.4.7).
Existem
duas coisas muito difíceis de serem adquiridas: A verdade e o amor verdadeiro.
Ambos são trabalhosos de serem conquistados. Ainda assim, nunca desista de
perseguir os seus sonhos! Busque sempre a verdade. Busque sempre o amor. O
tempo todo! Persista em alcançar o seu alvo, e estará no caminho certo. A busca
incansável do amor na verdade e da verdade no amor é a nossa tarefa singular.
Encontre-os, e seja prá sempre muitíssimo feliz!...
“Tu
me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na
tua destra, delicias perpetuamente” Salmos, 16:1.
Livros
O amor é paciente e bondoso.
Conheço-te mas nunca te vi
Conheço-te mas nunca te vi, sei como sentes porque fazes
parte de mim. O saber que existes ilumina-me diariamente pois tu és a essência
do meu existir, do meu ser. Conheço-te mas nunca te vi, sei que andas também
incompleto pelo mundo porque te falta uma parte de ti. Eu não desisto de te
encontrar. Não sei quando irá acontecer, mas saberei reconhecer-te. Saberei
ler-te o olhar, saberei ler-te a alma… Perante o cosmos, o nosso reencontro
unirá os nossos espíritos e revigorará as leis universais do amor, seremos
eternos e juntos viveremos e partiremos na Luz. Conheço-te mas nunca te vi,
espero por ti, és a outra parte de mim…
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
A UM AUSENTE
(Geen Valley - Peak District - England)
Tenho
razão de sentir saudade,
tenho
razão de te acusar.
Houve
um pacto implícito que rompeste
e
sem te despedires foste embora.
Detonaste
o pacto.
Detonaste
a vida geral, a comum aquiescência
de
viver e explorar os rumos de obscuridade
sem
prazo sem consulta sem provocação
até
o limite das folhas caídas na hora de cair
Antecipaste
a hora.
Teu
ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que
poderias ter feito de mais grave
do
que o ato sem continuação, o ato em si,
o
ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque
depois dele não há nada?
Tenho
razão para sentir saudade de ti,
de
nossa convivência em falas camaradas,
simples
apertar de mãos, nem isso, voz
modulando
sílabas conhecidas e banais
que
eram sempre certeza e segurança.
Sim,
tenho saudades.
Sim,
acuso-te porque fizeste
o
não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem
nos deixaste sequer o direito de indagar
porque
o fizeste, porque te foste
(Carlos
Drummond de Andrade)
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
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